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e se fosse consigo?

Lembro-me como se fosse hoje. Teria uns 12 anos e enquanto esperava pelo autocarro no fim de mais um dia de aulas, assisti à cena que suscitou em mim, uma parte da personalidade que tenho hoje. Um grupo de rapazes (os grandes como se apelida em todas as escolas) chega ao pé de um de nós e literalmente, apenas por “felicidade própria”, um deles, dá um estalo a um dos nossos colegas. Ninguém se mexeu. Ninguém percebeu. E ninguém contestou.


Ainda hoje sei o que senti. Aquele estalo doeu-me como se fosse em mim. O estômago embrulhou. A raiva foi tanta. Os meus olhos encheram-se de água. Mas engoli em seco. Tal como outros, não contestei, não abri a boca, o receio foi maior.


Desde esse dia nunca mais fui a mesma. Desde esse momento, jurei que nunca mais iria reagir assim, crescendo em mim uma base contestatária. E podem crer que criar uma personalidade reivindicativa (como a minha irmã carinhosamente apelida) numa aldeia, tem muito que se lhe diga. Foram e são inúmeras as guerras, as discussões, as chatices. Não se trata simplesmente da luta contra os ideais impostos ou enraizados. Trata-se da limitação que ainda existe em relação ao que “é normal”, do “não é comigo, não me chateio”, do “ah aquilo foi Lisboa, vivemos mesmo num cantinho”.

Na verdade, nós portugueses temos uma personalidade bastante particular. Ora, quando o vizinho está feliz, queremos saber tudo o que acontece na vida dele, mas quando está com problemas, ficamos cegos, surdos e mudos, porquê, adivinhem? Não nos metemos na vida alheia e não queremos represálias.


Eu tenho uma religião. A do amor. E sim. Sou católica. Tenho a minha fé. Acredito que é um bem maior termos com quem partilhar a espiritualidade e conseguirmos trabalha-la. Mas de forma saudável. Acima de tudo, sou a favor do que nos faz feliz! Sou a favor de podermos assumir sem preconceito, sem pudores ou receios o que somos, quem somos e como somos! Que se desenvolva a liberdade de construirmos o nosso percurso de vida, sem qualquer tipo de julgamentos ou represálias. Sou pela Não-violência. Seja ela de que índole for. Mas principalmente, a “minha frente de batalha” é a de quem se resigna a todo o custo, conviver com situações que possam ferir a condição humana! A minha batalha foi, é e será sempre pela NÃO INDIFERENÇA.


Este texto surge da minha felicidade quando percebi de que se tratava o novo programa da SIC “E se fosse consigo”. Finalmente algum conteúdo programático que nos faça mexer a mente. Finalmente uma acção, um primeiro passo, um desbloqueio por parte dos meios de comunicação para com estas realidades. Finalmente algo diferente do “entretenimento” a que nos vão habituando. Estou ansiosa para ver o resultado e principalmente para saber qual o efeito que produzirá nas redes sociais, as plataformas mais imediatas nas reacções.


Enquanto isso deixo-vos ficar o tema que dá voz ao programa e que por si só diz tudo.


E SE FOSSE CONTIGO?

E SE FOSSE CONSIGO?

O BLOG

Já dizia Chico Xavier "Isso 

também passa". Pouco me importa que seja uma figura controversa. A verdade e que a vida se constrói de momentos, de emoções, de imagens e de palavras. 

A vida e este blog também. 

SUSANA FERREIRA

25 anos

Braga

Benfiquista

 

 

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