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a luta que falta.

  • issotambempassa
  • 8 de mar. de 2016
  • 3 min de leitura

Lembro-me de aos 13 anos dizer que preferia ser rapaz. Gostava de ver e jogar futebol e sempre convivi super bem com rapazes, inclusive grande parte dos meus melhores amigos eram rapazes. Mas a verdade, agora em consciência, o que me levava a este querer, era o fascínio que tinha pela liberdade que eles tinham para serem eles! Adorava o facto de não lhes ser cobrado e exigido determinados comportamentos, o que com as meninas não acontecia. Ficavam na rua até mais tarde ou ficavam fora de casa o dia todo, tinham a liberdade de dizer que todas as semanas gostavam de uma rapariga diferente, diziam os “nomes feios” que queriam e não eram apontados por isso! No fundo, os passos e as palavras deles eram muito menos controlados que os nossos. Pensava eu, que teria a vida muito mais facilitada se tivesse nascido rapaz.

No entanto, a par destes pensamentos, nunca deixei de ser feminina. A moda sempre imperou no meu quotidiano como um gosto maior, a sensibilidade de olhar pormenores e de lidar com as pessoas, o meu romantismo na forma como olho a vida. Vivi numa dualidade de conceitos que invadiram toda a minha adolescência.

Até que as experiencias foram sustentando as minhas reflexões e o conhecimento que fui adquirindo permitiu-me desconstruir preconceitos e pré-conceitos que nos são exigidos e que nos exigimos só porque nascemos mulheres.

Parece uma frase complexa não é? Mas na realidade não tem nada de complexo. Nos últimos anos dei por mim a perceber que os principais condicionadores da nossa liberdade enquanto mulheres somos nós, mulheres! Vivemos condicionadas pela coerência ou pelas expectativas que o resto do mundo, homens e mulheres, exigem de nós! Construímos e deixamos que nos construíam uma trajetória de vida previamente prescrita ainda em crianças e acabamos por nos frustrar com alguns dos nossos falhanços, pondo em causa a nossa condição. Preferimos encarar a diferença de escolhas como algo errado, do que a encarar como liberdade. Como um passo à mudança, à diversidade! Preferimos guardar sentimentos maus, a viver em felicidade a felicidade dos outros, das outras neste caso específico.

Quero eu com isto dizer, que a minha verdadeira luta – embora que “uma num milhão” - não passa apenas pela igualdade de género. A minha verdadeira luta começa inicialmente pela abertura de mentes dentro do “nosso género”. Começa por nos sabermos proteger, por nos sabermos defender, pela não ignorância, pela não acomodação ao que está imposto! A minha luta é pela irradicação do: “Só porque sim”!

Sou persistente, confesso. Chateio-me. Às vezes demais. Discuto. Dedico momentos da minha vida a esta causa, mesmo que inconscientemente. Mas faço-o, só porque acredito que no dia em a nossa posição mudar, o resto do mundo não terá outra saída se não adaptar-se a ela! Só porque quero poder contribuir para que os meus sobrinhos e quem sabe as minhas (futuras) filhas cresçam com a liberdade de serem o que quiserem e que saibam em responsabilidade e sem pressões, o que fazer com ela. Quero que encarem estas questões de forma natural e não se acomodem ao que outrora lhes prescreveram. Só porque acredito que se este dia existe, é porque houveram mulheres capazes de se unir e sofrer pelas suas causas!

Então. Façamos jus ao dia e unamo-nos pelas nossas. O caminho é longo, mas juntas é muito mais fácil.


Ps: Tenho a imensa sorte de ter os melhores exemplos de Mulheres na minha vida. Um agradecimento profundo a elas, que me dão a liberdade de ser como sou!






 
 
 

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Já dizia Chico Xavier "Isso 

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SUSANA FERREIRA

25 anos

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