ainda o amor.
- issotambempassa
- 15 de fev. de 2016
- 2 min de leitura
Tenho tendência pra ver amor onde mais ninguém vê. Considero incrível, às vezes, a forma como embelezo algo que em outros olhos é aparentemente normal e banal. É inconsciente. Acho até que está tão entranhado que nem eu dou por ela. Não sou romântica. Não sou de corações. Abomino tudo que envolva a pressão de uma surpresa. Não gosto da troca de anéis. Não gosto do tradicional ramo de rosas. Não vos sei explicar, mas sempre fui um pouco “anti óbvio”. É totalmente deslocado de mim. Mas sou intensa. Sou das borboletas. É incrível como vivo tudo com tamanha intensidade quando amo. E não sei ser se não assim. Gosto de movimentos e trajetórias únicas. Daquelas que ficam marcadas. De viver à “flor da pele”. No fundo, sou de amar sem prescrição nem receita, porque no meu panorama de vida, amar pode ser algo tão vasto e tão minúsculo de igual modo e o amor é impossível de ser quantificável na quantidade de prendas que dás ou recebes, mas na qualidade com que vives com e para ele (o amor) todos os dias.
E quando se está só? O que fazemos com a intensidade? Com as borboletas? Como vivemos à flor da pele? Tenho percebido que o segredo está aqui. Quando se está só, aprendemos a viver a intensidade, talvez sem borboletas, mas de igual modo à flor da pele. Aprendemos a construir um tempo dedicado a nós. Um tempo dedicado aos nossos mais que tudo, que são os nossos amigos. E amamos intensamente cada pedaço desses momentos. Porque são dádivas. Porque é aquilo que nos faz acreditar que não é imperativo estar-se “numa relação com…”. Não tem que ser. Não deve ser. Nem tão pouco pode ser. Vivemos tudo num panorama mais aberto, menos restrito, mas igualmente forte do mesmo modo. A “comunhão” passa a ser connosco mesmos, mas ao mesmo tempo com tantos outros que nos preenchem os vazios que sozinhos não conseguimos. Quando se está solteiro, ama-se tão intensamente como se ama noutro estado civil. Mas de uma forma desprovida de regras, rotinas e obrigações. É certo que também sem o colo de “emergência” ou os abraços mais íntimos, mas é amor. Estar solteiro é a forma mais livre e espontânea de amar. Uma forma diferente, mas igualmente especial e totalmente legítima de ser comemorada.

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